sexta-feira, 27 de julho de 2007

Estou de férias:tempo de desCANSAR





ESTOU CANSADO

Estou cansado,é claro.

Porque ,a certa altura, a gente tem que estar cansado.

De que estou cansado,não sei.

De nada me serviria sabê-lo.

Pois o cansaço fica na mesma.

A ferida dói como dói e não em função da causa que a produziu.

Sim, estou cansado,

E um pouco sorridente,

De o cansaço ser só isto.

Uma vontade de sono no corpo.

Um desejo de não pensar na alma,

E por cima de tudo uma transparência lúcida.

Álvaro Campos

Como eu queria estar de férias !

Férias das preocupações,dos problemas,das madrugadas em claro,dos medos,dos sites,do rooda,da ansiedade, das suposições,da dieta, da maquinaria,dos afazeres e perturbações,das decisões...

Na verdade,estou chegando ao final de duas semanas de descanso mais cansada de quando elas iniciaram. Isto me preocupa muito pois ainda tenho um longo caminho a percorrer,mesmo sabendo que devo obedecer o limite do meu corpo,tenho que ultrapassá-lo pois não há tempo e muitas são as cobranças.

Sei bem onde quero chegar e sei que chegarei,mas a caminhada está muito cansativa!

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Saudade da minha infância

MEUS OITO ANOS

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
( Casimiro de Abreu )

Aproveitando a oportunidade da interdisciplina,trago a poesia acima que nos remete aos tempos de nossa infância,tão difíceis para uns e tão maravilhosos para outros. Na verdade é que de certa forma éramos felizes e não sabíamos.
Quantas coisas fazíamos e deixamos de fazer . Agora temos tantos compromissos,tantos deveres ,emoções ,prazeres e desprazeres que às vezes dá vontade de voltar a ser criança(com infância ) só para esquecer um pouco de tudo isso. Muitas vezes adormecemos preocupados ou nem adormecemos pensando no trabalho,no filho ,no marido ,na família ,nas contas ,na internet, no blog,no rooda... e certamente não temos motivos para cantar ao acordar.
Bem,colegas, o jeito é se adaptar aos novos tempos,éramos felizes e não sabíamos...
"Ah ! Que saudades eu tenho dos tempos que não voltam mais...."